Inspirado nas teses de Ortega y Gasset e Edson Nery da Fonseca, tento trazer minhas vivências no Serviço Público e Privado para responder a questão: é possível ser bibliotecário?
• Mestrado em Ciência da Informação, UFPE, 2012; • Bibliotecário-chefe da Biblioteca Tereza Brasileiro Silva, CCBS/ UFCG (2014 - ) • Aluno especial do Programa de Pós Graduação em Ciência Política - UFCG (2018) • Ex-docente das disciplinas “informática aplicada”, “Gestão da Informação”, “Gestão de Sistemas de Informação” e “Sistemas de Informação Gerenciais” (2012-2014); • Professor visitante da Universidade Potiguar, disciplina de “Métodos e técnicas da Ciência aplicada ao Direito do trabalho”. 2
por uma selva escura Longe da boa via, então perdida; Ah! Mostrar, qual a vi, é empresa dura Essa selva selvagem, densa e forte Que ao relembrá-la, a mente se tortura. (Dante. A divina comédia, canto I, 1-6) 3
gostei de ler / sempre vi meus pais lendo; ▫ Um mercado de trabalho promissor ($$$) ▫ “Eu não a escolhi, ela me escolheu” (sério?); ▫ Um mix dinâmico de Administração, TI e cultura clássica (ao menos me disseram); ▫ Estabilidade do/no serviço público.
categoria e amplo o suficiente para investimento em previdência Gestão administrativa totalmente aberta à biblioteca (estantes Bicatecca, livros renovados a cada 2 anos e ambiente com climatização de última geração) Funcionários treinados em bases de dados CAPES e padrão ouro em atendimento ao usuário; Tecnologia de ponta na biblioteca à serviço da pesquisa científica
e usuários perguntado em quanto tempo sai a ficha catalográfica Gestão administrativa dizendo que a biblioteca é o coração da instituição (mas já está à espera do 3º infarto) Funcionários treinados nas disciplinas “espanamento I e Teoria do Silêncio II” Depósitos de livros à espera do MEC
técnico Passamos o dia [catalogando, classificando] representando a informação Reduzimos nossa atuação a um (mal planejado) Serviço de Referência E passamos o dia corrigindo erros de citação e referência nos TCC ou descrevendo dados em ficha catalográfica Reduzimos 4 ou 5 anos de conhecimento a 8 horas de trabalho maçante Batemos o ponto, voltamos para casa e dormimos esperando mais um dia de trabalho no dia seguinte 8
profissional (materialização da vocação) ▪ Árbitro dos conflitos trazidos pela cultura informacional ▪ Crítico informacional (grey literature) ▪ Guia na selva selvaggia da informação ▫ Senso histórico ▫ Guardião da memória
bibliotecas em organismos dinamicamente integrados no desenvolvimento econômico, científico e tecnológico; Não ser bibliotecário para tornar-se um burocrata a mais no sistema administrativo da nação, do estado ou do município”.
perguntei se havia alguma edição da Política de Aristóteles. “Só o senhor dizendo o sobrenome do autor”, respondeu a bibliotecária, “porque no nosso catálogo os autores aparecem pelos sobrenomes”. Creio que basta. Os bovaristas, os ufanistas e os românticos continuam a dizer que tudo vai bem. Mas não é tanto assim, como acabamos de ver (FONSECA, 1963, p.24).
a etapa do pânico e da fuga, o bibliotecário do serviço público começa a se entender e entender o potencial daquela unidade de informação para a vida acadêmica da IES em que trabalha.
conhecimento [ou criação - futuro] de necessidades; • Balanço dos recursos oferecidos (humanos e materiais), • quais os meus obstáculos internos/externos? Reconhecimento dos potenciais locais e autoconhecimento • Quem será a equipe de trabalho; • qual o meu “posicionamento de mercado”; • o que eu posso oferecer à comunidade, já a partir de agora; • onde eu quero chegar com essas ações. Design do plano de “ataque” • Resultado das análises anteriores; • Planejamento estruturado focado em resultados à curto, médio e longo prazo • Foco na solução dos problemas informacionais dos usuários; • Criação de novas necessidades 18
em torno do usuário passa a ter as medidas e o fluxo coretos Mudança na visão do usuário real A biblioteca passa a ter m significado mais amplo para o usuário a partir da gama de produtos e serviços de informação que ela oferece. Aumento do número de usuários reais e ampliação de perspectivas sobre usuários potenciais A biblioteca passa a transformar público de potenciais em usuários reais dentro da própria unidade e alcança maior público externo com “características ideais”. 19 Mudanças na visão da gestão superior acerca da biblioteca A biblioteca passa a ter um olhar mais acurado da gestão geral, o que possibilita, algumas vezes, aumento no fluxo de recursos destinados a ela A biblioteca passa a entender o fluxo de conhecimento gerado na unidade e transforma-o em valor real A biblioteca passa a trabalhar a partir do conhecimento gerado pelos usuários, bem como se orienta (em matéria de produtos/serviços) a partir das suas necessidades)